“Eu vejo Deus no meu negócio” Risoleide, cabeleireira renomada em Mauá veio para São Paulo atrás de independência

“Eu vejo Deus no meu negócio” Risoleide, cabeleireira renomada em Mauá veio para São Paulo atrás de independência

por Amanda Ventorin

Risoleide deixou Pernambuco aos 21 anos, com o sonho de se tornar independente através dos estudos, apesar das poucas condições.

Recém chegada em São Paulo, trabalhou em uma malharia no Bom Retiro, onde fazia de tudo, inclusive cortava o cabelo de funcionárias em seus intervalos. “ Na hora do almoço conheci algumas meninas  que me pediam para cortar a franja delas com as tesouras de cortar tecido, não sei nem o que eu fazia, mas cortava” compartilha a empresária “Um dia, uma amiga me perguntou porque eu não fazia um curso de cabelereira e eu disse que nunca havia pensado nisso”.

Risoleide, na época, morava em Itapevi, município de São Paulo, onde já realizava cortes para mulheres em situações de vulnerabilidade social. “Eu lembro que tinha uma família lá muito carente, e a mulher pegava uma tesoura bem velha e pedia para que eu cortasse seu cabelo”. Apesar de ainda não sonhar em se tornar cabeleireira, as palavras da amiga da malharia, que morava em Mauá, ficaram na cabeça da profissional. Roseli conta que, na época, até mesmo brincou com a colega, dizendo que só faria o curso quando se mudasse para a mesma cidade.

Apesar do talento, a pernambucana teve outros empregos antes de começar a carreira de cabeleireira. Trabalhou em uma construtora por quatro anos e, nesse meio tempo, se mudou para Mauá. “Nessa época, por incentivo dessa amiga, comecei a fazer o curso [de cabeleireira] mas nada que fosse o meu sonho. Parei na metade pensando que não tinha nada a ver comigo, e continuei trabalhando na construtora, que acabou falindo”. Vivendo do seguro desemprego e pagando aluguel, Roseli decidiu concluir o curso e se tornar cabeleireira.

Seu primeiro emprego durou 15 dias – em um salão popular em Santo André, Risoleide realizou três cortes de cabelo – o que não foi fácil. “Eu lembro de pensar que não sobreviveria aqui [em São Paulo] e que teria que voltar para Pernambuco, para a casa de meus pais”.

Persistindo no seu sonho de ser independente, Risoleide resolveu abrir seu próprio salão em conjunto com mais duas profissionais. Juntou suas economias e comprou o essencial – um lavatório, toalhas e espelho e começou a realizar cortes com a tesoura que vêm nas maquininhas de corte. Nesse momento, a cabeleireira se apaixonou pelo seu dom. “Eu via Deus naquele negócio”. Após um ano, Risoleide investiu na sua formação, fazendo mais cursos voltados para área e decidindo seguir sozinha na administração do salão. “Eu acredito que tudo que você faz com amor, o dinheiro vem depois”.

Com o passar dos anos, Risoleide se tornou renomada no ramo. Seu salão contava agora com serviço de coloração, manicure e parceiros, como seu companheiro Adriano, cabeleireiro, que após quatro meses de relacionamento começou a trabalhar com Risoleide “No começo foi difícil, pois não éramos casados. Mas, graças a Deus até hoje estamos aqui”, conta ela, 17 anos após a união profissional e conjugal. “Hoje, olhando tudo o que já vivemos, sou muito grata. Mas com a experiência que tenho, eu não trabalharia com meu marido, por eu ser estressada e ele calmo” conta, entre risos. 

Risoleide, que sonhava em se tornar independente, encontrou no salão o amor e a independência. “Eu acredito que o amor move tudo, independente da dificuldade. Eu passei muitas, não tive ninguém para me apoiar, eu tinha muitas clientes se inspirando em mim, acreditando no meu trabalho”. 

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