A PRESENÇA DAS MULHERES NOS CSC’S
 

A PRESENÇA DAS MULHERES NOS CSC’S 

Mulheres são mais criativas, multitarefas e possuem maior visão sistêmica e inteligência emocional; características que acentuam o potencial de inovação
 

De acordo com o IBGE, apenas 20% dos profissionais da área de tecnologia são do gênero feminino – dado que confirma como a questão da barreira de gênero que existe no setor da tecnologia é um grande desafio a ser superado.
 

Apesar da questão da barreira de gênero ser um grande desafio a ser superado, há vertentes que mostram que a presença feminina é muito significativa, como no caso dos Centros de Serviços Compartilhados (CSCs).


Numa área que, até pouco tempo era tida como tipicamente masculina, as mulheres passaram a ocupar cargos de gestão em grandes companhias, gerindo equipes numerosas e com presença estratégica.

Um bom exemplo do crescimento da presença feminina dentro dos Centros de Serviços Compartilhados, é o CSC da Mosaic Fertilizantes, que hoje possui quase 60% de sua força de trabalho composto por mulheres ocupando diversos cargos. Este fato é comprovado no estudo sobre o mercado brasileiro de serviços compartilhados, realizado pela Associação Brasileira de Serviços Compartilhados (ABSC), que ao analisar as características gerais das equipes dos CSCs, observou que a maioria dos profissionais possuem até 40 anos, são do sexo feminino (57%) e contam com ensino superior completo, sendo que 22% cursaram ou estão cursando uma pós-graduação, mestrado ou doutorado.

Mercado de trabalho

Para Danielle de Sousa Araújo, Head do Centro de Serviços da Organização Liga Solidária e Diretora Vice-Presidente Marketing, Mídias e Comunicação da Associação Brasileira de Serviços Compartilhados (ABSC), a presença da mulher no mercado de trabalho é fundamental, equilibrando e complementando os modelos de gestão, ampliando o conhecimento, trazendo novas perspectivas, exercendo um importante papel social, trazendo representatividade, fortalecendo e inspirando outras mulheres.

A executiva relata ainda que: “Somos 51% da população brasileira, sendo 38% de mulheres em cargos gerenciais, de acordo com o IBGE. Para as posições mais altas das corporações esse número diminui significativamente para 3%. Neste cenário, a referência feminina é fundamental como motor propulsor para mudança cultural de empresas que ainda não atuam com a diversidade”.
 

Ainda no quesito sobre a importância da mulher no mercado de trabalho, a executiva Regine Venturi, Superintendente do CSC da Copel, é enfática ao afirmar que nascer mulher proporciona uma série de experiências únicas, que moldam a forma de ver o mundo e de se conectar a ele. Para ela, esta bagagem também torna a atuação feminina no mercado de trabalho muito engrandecedora, mais humana nas relações profissionais e com foco maior ao indivíduo, entendendo que é através dele que atingimos os resultados desejados.
 

“Nossas experiências e vivências complementam muito nossa formação acadêmica e profissional, possibilitando adicionar um novo modelo mental e solucionar com diferentes abordagens os problemas e desafios. Por isso, tanto se discute a diversidade atualmente”, comenta Regine.
 

Outra voz que se junta a esta temática é Cátia Pereira, Diretora Financeira para a América do Sul da Ball Corporation e Diretora Vice-Presidente Comercial e de Parcerias da Associação Brasileira de Serviços Compartilhados (ABSC), ao relatar que a importância da mulher no mercado de trabalho é tão importante como de qualquer outro profissional.
 

“A participação da mulher no mercado de trabalho tem crescido ano após ano, demonstrando a sua relevância em todos os setores. A contribuição do público feminino no mundo corporativo é muito positiva , pois suas características essenciais como ser dedicada, muito focada na entrega de resultados, além de conseguir realizar várias ações simultâneas sem perder o foco do todo, está refletido no sucesso dos resultados obtidos em cada projeto. Isto mostra sua inegável capacidade de atuação profissional”, argumenta Cátia.
 

Desafios
 

Organizações, equipes e a sociedade têm muito a ganhar ao investir na liderança feminina. Dentre seus pontos fortes, estão a flexibilização, colaboração e maior fortalecimento da diversidade, criatividade e inovação — fatores essenciais para que as empresas se mantenham competitivas. No entanto, até chegar aos cargos que ocupam atualmente em suas corporações, as executivas superaram diversos desafios.
 

A Head do CSC da Liga Solidária comenta que em sua trajetória profissional teve bons desafios e o primeiro foi na escolha da sua carreira. “Sou formada em tecnologia voltada para infraestrutura, mercado predominante masculino. Para disputar posições era muito importante trazer o conhecimento para a mesa e poder de persuasão. Enfrentei essa fase com tranquilidade, buscando sempre conhecimentos técnicos e interpessoais”, pondera Danielle Araújo.
 

Os desafios também fizeram parte da trajetória da executiva da Copel quando comenta que o mundo corporativo mudou muito desde que se formou. “Sou engenheira eletricista de formação e mestrado em Engenharia Aeronáutica, ambos os ambientes majoritariamente masculino. Por muitos anos, repeti o modo de atuação masculino, espelhando como falar, agir e se relacionar. Aos poucos, fui entendendo que uma das nossas maiores forças é, exatamente, o que eu queria mudar, o fato de ser mulher. Percebi que ao acrescentar o nosso toque, mais humanitário e feminino, ao modelo de gestão atual, agregamos muito à organização, complementando e enriquecendo a administração. O meu maior desafio foi assumir um cargo de gestão e entender que deixei de ser técnica e depender somente dos meus resultados, e passar a ser gestora de um time, em que a entrega do todo é composta por diversas entregas individuais”.
 

A Diretora Vice-Presidente da ABSC, quando questionada sobre os desafios que já superou no ambiente corporativo, conta que na época que decidiu cursar Economia, era uma área basicamente masculina, assim como a engenharia e poucas mulheres trafegavam neste segmento.
 

“Comecei minha carreira há 27 anos e, desde então, sempre tive a oportunidade de trabalhar em empresas onde as condições eram igualitárias, que me proporcionaram disputar cargos de liderança tanto com homens quanto com outras mulheres. Ou seja, os desafios pelos quais passei foram os mesmo que qualquer outro profissional na minha posição teria enfrentado”, conta Cátia.
 

O futuro
 

Atualmente, muito se fala sobre a importância da igualdade de gênero no mercado de trabalho e sobre o quanto é necessário promover a equidade de oportunidades e a inclusão feminina, reduzindo diferenças entre cargos e salários e buscando minimizar preconceitos culturais pré-estabelecidos. Agora, diferente do que muitos gestores acreditam, atribuir às mulheres papéis de comando no ambiente corporativo está longe de ser um favor e vai bem além de um discurso bonito de responsabilidade social: a liderança feminina potencializa a capacidade de inovação organizacional e pode aumentar o faturamento da empresa.
 

Então, é possível fazer uma previsão de como será o mercado de trabalho no segmento de CSCs com maior participação de profissionais mulheres? Danielle Araújo, Head do CSC da Liga Solidária, é veemente em sua colocação de que aumentando a participação de mulheres dentro dos Centros de Serviços Compartilhados (CSC), consequentemente, fortalece um ambiente colaborativo, criativo e inovador.
 

“Isso é resultado das fortes características no modelo de gestão e atuação, bem como resiliência, empatia, comunicação assertiva, gestão de tempo e maior desenvoltura no relacionamento interpessoal. Construindo caminhos sustentáveis no longo prazo, tornam ambientes mais saudáveis, abertos para mudanças e, consequentemente, retêm talentos”, prevê a Head do CSC da Liga Solidária.
 

Para a Superintendente do CSC da Copel, a entrada das mulheres no mercado de trabalho foi a primeira grande mudança ao modelo tradicional de gestão, abrindo caminho à inclusão de outras minorias (raça, orientação sexual, religiões e culturas) no mundo corporativo. Com o aumento da quantidade de mulheres e das minorias, haverá também, proporcionalmente, mais líderes advindos destes grupos.
 

“Desta forma, acredito que a diversidade de experiências e vivências auxiliará na consolidação de uma gestão mais humana, colaborativa e com maior flexibilidade na hierarquia, fatores estes que trarão impacto direto no aumento de qualidade e produtividade. O trabalho remoto e as automações de trabalhos repetitivos serão outro desafio ao mundo corporativo nos próximos anos. Com o advento das automações, serão reduzidas drasticamente as atividades repetitivas e rotineiras e os profissionais ficarão cada vez mais a cargo de atividades de inovação, desenvolvimento e resolução de problemas complexos e não mapeados. Ao mesmo tempo, o trabalho remoto será um importante elemento nas discussões de um novo modelo de relações e interações de equipes que não estão no mesmo espaço físico e de como disseminar a cultura da empresa aos novos funcionários”, completa Regine Venturi.
 

De acordo com a Diretora Financeira da Ball Corporation, o futuro do mercado de trabalho para as mulheres já apresenta um novo fôlego. “Olhando mais para o segmento de Centro de Serviços Compartilhados (CSC), atualmente vejo que a maioria dos CSC’s tem um número elevado de mulheres desempenhando inúmeras funções. Mas, numa visão mais global do mercado de trabalho, acredito que o grande desafio é levar as mulheres a cargos de liderança, e assim alcançar diferentes pontos de vista sobre situações variadas. Ter mulheres na liderança é tão importante quanto tê-las em funções na base de todo o processo organizacional”, sinaliza Cátia Pereira.
 

Sobre a ABSC
 

Fundada em 2015, a Associação Brasileira de Serviços Compartilhados (ABSC) representa a maior iniciativa no Brasil de aproximação e consolidação do segmento frente ao mercado, sociedade e governo. Sem fins lucrativos, a associação é formada por profissionais e empresas, e tem como principal intuito promover o tema Serviços Compartilhados por meio da integração de seus associados, prestando serviços, captando informações, disseminando conhecimentos, exercendo ação política e contribuindo para o aumento da competitividade do setor.

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