Diadema celebra um ano de lançamento do Plano da Igualdade Racial

Diadema celebra um ano de lançamento do Plano da Igualdade Racial

Documento, único do gênero aprovado no Grande ABCD, prevê metas de curto, médio e longo prazo, em um período de dez anos, para a promoção da igualdade racial no município; data também marca o Dia Internacional de Luta contra Discriminação Racial e o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé

Redação

A Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR) de Diadema celebra neste dia 21 de março um ano de lançamento do Plano Municipal Decenal de Promoção da Igualdade Racial. 

Diadema é a única cidade do Grande ABCD a contar com o documento aprovado pela Câmara Municipal. O Plano de Promoção da Igualdade Racial prevê metas de curto, médio e longo prazo, em um período de dez anos, para a promoção da igualdade racial no município.

A coordenadora da Creppir, Marcia Damasceno, explica que já existem ações em andamento, resultado das premissas estabelecidas no Plano, como o programa Diadema de Dandara e Piatã, que instituiu o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas da rede, como preveem as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 e o Comitê de Saúde da População Negra, instituído em maio de 2022.

“Houve também a realização do Congresso de Educação que trouxe temas que não podem ficar de fora dos debates da sociedade, como a questão da construção de uma educação antirracista, antipatriarcal, humanitária e com a participação ativa da população”, citou. 

“A Prefeitura também fez recentemente uma parceria com a UFABC (Universidade Federal do ABC) para que gestores de diferentes Secretarias possam passar por formação que vai mostrar como as questões de classe, raça e gênero se interseccionam e ditam os caminhos na formulação de políticas públicas”, completou.

“A população negra sofre com o racismo estrutural, que atravessa gerações e vai impedindo que essas pessoas desfrutem de mobilidade social. Termos políticas públicas focadas em reparar isso, em corrigir o fato de que quando a escravização foi abolida, não foram dadas condições para que as pessoas pudessem viver de maneira digna, é a única forma de corrigirmos as desigualdades”, afirmou. 

“Algumas coisas são possíveis de se fazer em menos tempo, outras levarão anos para se consolidar, mas o importante é que não podemos perder de vista, enquanto poder público, que é preciso agir”, completou Marcia.

O lançamento do plano em 21 de março de 2022 foi uma referência ao Dia Internacional de Luta contra Discriminação Racial. Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1966, a data lembra o Massacre de Shaperville. 

Na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, em 1960, 69 pessoas morreram e 189 ficaram feridas quando protestavam no bairro Shaperville contra uma lei que obrigava a população negra do país a usar passes que especificavam por onde ela poderia circular, durante o regime de segregação racial que vigorou entre 1948 e 1994.

“É de suma importância que a gente lembre todas as pessoas, no Brasil e no exterior, que lutaram ao longo dos anos pelo fim da desigualdade racial”, destacou Marcia. “O Massacre de Shaperville foi um acontecimento que chamou a atenção do mundo todo para os danos do apartheid, dando luz para a luta antirracista que acontecia naquele país”, completou a coordenadora.

Marcia cita o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, como um dos grandes ícones da luta antirracista mundial e que deixou para a sociedade a reflexão de que as pessoas são ensinadas pelos poderes dominantes a se odiar pela cor da pele, pela origem e pela religião. “Essa mesma sociedade pode desconstruir essa mentalidade, por meio de políticas públicas que enfrentem esse mal”, ponderou.

“Foi neste espírito de ensinamentos de Nelson Mandela que lançamos em Diadema, no dia 21 de março de 2022, o Plano Municipal Decenal de Promoção da Igualdade Racial, que veio com diversas ações nas diferentes Secretarias municipais para o enfrentamento ao preconceito, à discriminação racial e ao racismo estrutural, institucional e religioso”, finalizou. 

O dia 21 de março também é o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, promulgado por meio da Lei 14.519/23.

admin

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *